domingo, 21 de março de 2010

Sobre Clarice (Ou “O fim da descoberta”)



Há pouco, comentou com certa inveja inocente: “Como você gosta de ler, eu não tenho paciência...”. Com naturalidade, respondi que é como andar de bicicleta, depois que se aprende não se esquece como é. Estou há um ano, ou por volta disso, lendo “A Descoberta Do Mundo” de Clarice Lispector. Não sou fã dela, não tinha a mínima curiosidade de ler, muito menos conhecer sua escrita. Pelo pouco que tive conhecimento, julgo-a louca, mesmo que não ser próprio o direito de julgá-la. Fiz isso com certo conceito formado. Ele livro me foi emprestado por um grande amigo, que não cabe nesse texto. Voltando, faltam poucas paginas e ler foi uma experiência contraditória. Por se tratar de um livro de crônicas, contos ou coisa que o valha, escritas para um jornal, abordou vários assuntos e temas. Algumas que ela escreveu deram-me uma nova perspectiva, uma nova forma de vê-la. Em partes a admiro, não deixo de julgá-la insana. Talvez minha visão turva que impeça de admirá-la completamente. Dias atrás, após passar quase quatro horas preso num ônibus de transporte publico, percebi que Clarice era minha única companhia. Só que estava me afundando por demais em seus escritos, estava deixando de ser eu, para ser algo parecido com ela. Por fim, creio que esse seja o fim, o fim da Descoberta.