domingo, 15 de maio de 2011

Para Uma Leitura Serena



Mesmo palavras duras podem vestir-se de camurça.

Trata-se de contradições, dúvidas e desejos. Pessoas como eu, precisam provar para si mesmas, dia após dia, que estão bem e que há algo positivo do lado de fora da janela. Entretanto eu prefiro distrair-me e pensar que não preciso estar lá. Estou seguro aqui dentro, isso é o que devo saber. Vez ou outra, ainda arrisco-me. Mas tornou-se demasiadamente cansativo chocar meu corpo com o solo no final da queda. Ainda surgem esperanças, falsas luzes e certos encantos.

O que mais impressiona é a capacidade de dizer palavras que terão um impacto devastador, sem ao menos importar com o que é lançado contra o vento. Isso volta, sempre volta. Por isso, guardo em mim algumas palavras, e as mesmas se multiplicam, crescem aqui dentro, e tentam sair. Entretanto, prendem-se a minha garganta, me sufocam, causam desespero. Eu não consigo gritar, não consigo manifestar-me. E a noite, não durmo, por medo de ser pego pelo monstro que alimento por dentro. Eu sei que está lá, esperando pela primeira oportunidade de tomar o controle... o nome desse monstro: amor.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Violetas No Banheiro - Parte II



As luzes explodiram, e os pequenos pedaços faiscaram o espaço em vertical. Estive no escuro agora, e lentamente a temperatura do chuveiro esfriava. Ele veio salvar-me com velas, sete ou oito delas. Na iluminação ruim, pude ver seus movimentos desajeitados. A mão não tocava o vidro do box, os olhos não procuravam pelos meus. Apenas permaneceu ali, inerte, ainda corado pela minha nudez. Vivi esse mesmo momento minutos atrás, podia jurar que viera lamentar-se por coisas tão triviais, coisas pelas quais eu nunca o havia culpado. Não esperei pelo que veio a seguir...

O vidro pareceu sumir entre nós, antes que qualquer palavra pudesse ser dita, ele trouxe as mãos até minha nuca, e beijou-me. Senti o frio correr meu abdômen.

- Você... você ainda está vestido.
- E você é louco por estar nessa água gelada. – enquanto dizia isso, fechava o chuveiro.

Ele despiu as roupas encharcadas e procurou aquecer-me com o próprio corpo.

- Não sabe o quanto senti sua falta. – murmurou.
- Me desculpe. Eu... eu sinto muito.
- Não precisa desculpar-se, está aqui agora. Pode  me prometer uma coisa?
- Sim. – respondi sem pensar. – O que? – completei.
- Que não deixará as violetas secarem.
- Prometo.

Suas mãos deslizaram até alcançarem minhas coxas, puxando-me para cima. Ele colocou-se entre minhas pernas e seu corpo pressionava o meu contra a parede.