terça-feira, 9 de agosto de 2011

Amarre Uma Fita Colorida No Dedo




( Para Não Esquecer O Amor )

Deseje, todo dia, que algo bom aconteça a estranhos.
Divida seus bons momentos com quem se preocupa com você.
Seus sonhos se tornarão realidade, basta acreditar e esperar a ordem natural dos atos.
Sacrifique, aprenda, e arrependa-se quando necessário.
Não guarde magoas, mas guarde os cartões postais que recebeu.
Colecione coisas pequenas, e mantenha os pequenos rituais matinais.
Amarre uma fita colorida no dedo, para não esquecer o amor.
Sorria.
Espere pacientemente.
As violetas morrem, os sentimentos permanecem.
O passado, e até mesmo o presente, são esquecidos com o tempo.
Perdoe.
Erre.
Admita.
Faça o possível, tente o impossível.
Não tenha medo de tentar, de arriscar.
Seja casual, mas não durma sozinho.
Meu amor-próprio mandou-lhe lembranças.
Acredite.
Ignore as placas, perca-se no caminho de casa.
Crie subterfúgios e rotas de fuga, proteja-se.
Seja uma pessoa melhor do que foi no dia anterior, repita esse exercício todos os dias.
O exercício das pequenas coisas. 

domingo, 15 de maio de 2011

Para Uma Leitura Serena



Mesmo palavras duras podem vestir-se de camurça.

Trata-se de contradições, dúvidas e desejos. Pessoas como eu, precisam provar para si mesmas, dia após dia, que estão bem e que há algo positivo do lado de fora da janela. Entretanto eu prefiro distrair-me e pensar que não preciso estar lá. Estou seguro aqui dentro, isso é o que devo saber. Vez ou outra, ainda arrisco-me. Mas tornou-se demasiadamente cansativo chocar meu corpo com o solo no final da queda. Ainda surgem esperanças, falsas luzes e certos encantos.

O que mais impressiona é a capacidade de dizer palavras que terão um impacto devastador, sem ao menos importar com o que é lançado contra o vento. Isso volta, sempre volta. Por isso, guardo em mim algumas palavras, e as mesmas se multiplicam, crescem aqui dentro, e tentam sair. Entretanto, prendem-se a minha garganta, me sufocam, causam desespero. Eu não consigo gritar, não consigo manifestar-me. E a noite, não durmo, por medo de ser pego pelo monstro que alimento por dentro. Eu sei que está lá, esperando pela primeira oportunidade de tomar o controle... o nome desse monstro: amor.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Violetas No Banheiro - Parte II



As luzes explodiram, e os pequenos pedaços faiscaram o espaço em vertical. Estive no escuro agora, e lentamente a temperatura do chuveiro esfriava. Ele veio salvar-me com velas, sete ou oito delas. Na iluminação ruim, pude ver seus movimentos desajeitados. A mão não tocava o vidro do box, os olhos não procuravam pelos meus. Apenas permaneceu ali, inerte, ainda corado pela minha nudez. Vivi esse mesmo momento minutos atrás, podia jurar que viera lamentar-se por coisas tão triviais, coisas pelas quais eu nunca o havia culpado. Não esperei pelo que veio a seguir...

O vidro pareceu sumir entre nós, antes que qualquer palavra pudesse ser dita, ele trouxe as mãos até minha nuca, e beijou-me. Senti o frio correr meu abdômen.

- Você... você ainda está vestido.
- E você é louco por estar nessa água gelada. – enquanto dizia isso, fechava o chuveiro.

Ele despiu as roupas encharcadas e procurou aquecer-me com o próprio corpo.

- Não sabe o quanto senti sua falta. – murmurou.
- Me desculpe. Eu... eu sinto muito.
- Não precisa desculpar-se, está aqui agora. Pode  me prometer uma coisa?
- Sim. – respondi sem pensar. – O que? – completei.
- Que não deixará as violetas secarem.
- Prometo.

Suas mãos deslizaram até alcançarem minhas coxas, puxando-me para cima. Ele colocou-se entre minhas pernas e seu corpo pressionava o meu contra a parede.

domingo, 3 de abril de 2011

Para Não Perder O Ar



Deixe-me começar do inicio.

Era pouco mais de meio-dia, era domingo, era frio. E de alguma forma, a chuva tornava o ar mais úmido e carregado do que a poluição do centro da cidade. Não fazia idéia de como tais dias podiam ser tão solitários assim. Por fim, despertei com o telefone que não tocava. Estive preocupado nos últimos meses com coisas tão triviais que deixei de viver do lado de fora do meu quarto. Relato com certo receio do que posso dizer ou não a despeito de tanto pecado. Sobre os mesmos, os meus vendi por uma ninharia de moedas douradas. Assim como meus sonhos, mas esses não valiam tanto. Poderia vender a inocência de quando eu era pequeno, porém, a perdi com o passar dos anos. Trata-se do passado, mas não tão distante.

Ele veio para desculpar-se, e acabou lamentando desnecessariamente os erros que não foram cometidos. Em outras palavras, me vi preso a alguém que nunca se sentiu realmente apaixonado pelos meus defeitos, mas eu poderia deixar a sala a qualquer momento sem ter que atirar-me contra portas fechadas.

Em resumo, eu poderia agir de qualquer forma, mas optei por ficar imóvel, para não perder o ar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Diario De Bordo - Relato I




Eu amava dormir com o ruído da chuva batendo na janela. Em parte, continuo amando. Como disse e volto a repetir, assim deixando claro, só consegui dormir depois das cinco horas (e acordei no meio da tarde, pra compensar), nem preciso dizer o que estava fazendo do tempo que se seguiu até o memento em que eu, finalmente, caí no sono. Perdi-me em pensamentos e só me afundei, ainda mais, num estado de nostalgia tola. Ontem, depois de escrever tudo aquilo, ainda me restava coisas entaladas na garganta. Pensei em coisas que nunca tinha reparado, como um exemplo: o medo que eu tinha para escrever coisas com as quais algumas pessoas pudessem se identificar. São meus amores platônicos.  Nem meus melhores amigos sabem quando estou falando sério, ou simplesmente lhes dando o ar da minha graça. Que seja, sinto falta de conversar com alguém, então fico digitando e digitando, pra poder guardar e, quem sabe um dia, vir a compartilhar com vocês. Ainda pretendo compartilhar coisas mais obscuras do que eu já vivenciei.