domingo, 3 de abril de 2011

Para Não Perder O Ar



Deixe-me começar do inicio.

Era pouco mais de meio-dia, era domingo, era frio. E de alguma forma, a chuva tornava o ar mais úmido e carregado do que a poluição do centro da cidade. Não fazia idéia de como tais dias podiam ser tão solitários assim. Por fim, despertei com o telefone que não tocava. Estive preocupado nos últimos meses com coisas tão triviais que deixei de viver do lado de fora do meu quarto. Relato com certo receio do que posso dizer ou não a despeito de tanto pecado. Sobre os mesmos, os meus vendi por uma ninharia de moedas douradas. Assim como meus sonhos, mas esses não valiam tanto. Poderia vender a inocência de quando eu era pequeno, porém, a perdi com o passar dos anos. Trata-se do passado, mas não tão distante.

Ele veio para desculpar-se, e acabou lamentando desnecessariamente os erros que não foram cometidos. Em outras palavras, me vi preso a alguém que nunca se sentiu realmente apaixonado pelos meus defeitos, mas eu poderia deixar a sala a qualquer momento sem ter que atirar-me contra portas fechadas.

Em resumo, eu poderia agir de qualquer forma, mas optei por ficar imóvel, para não perder o ar.