domingo, 13 de setembro de 2009

Ainda tem partes do meu corpo das quais eu não gosto...



Outro dia, no ônibus, vi uma garota muito bonita. Bonita aos meus padrões, que não são dos mais exigentes. Ela devia ter uns oito ou nove anos. Seus cabelos loiros estavam aparentemente despenteados. Suas roupas eram simples e era um pouco gordinha. Fisicamente era descomposta, mas tinha lindos olhos azuis. De um azul hipnótico.

Sou fascinado por olhos claros, quando mais novo invejava quem os tinha e até comprei um par daquelas lentes de contato coloridas. Tive um sonho realizado. Entretanto, aquilo era artificial, não tinha o mesmo encanto que os olhos, geneticamente, naturais.

Nunca confessei isso, mas nunca fui muito satisfeito com minha aparência, não ligava para isso. Só que o mundo exige, e quando comecei a perceber, foi quando comecei a vender minha alma. Os novos cortes de cabelo, as novas roupas, a preocupação com o corpo, com a minha imagem e com as expressões. Tornei-me, em partes, um monstro. Usei meu charme e provoquei reações, na maioria das vezes foram testes, acabei brincando com sentimentos alheios. Isso, sem muito esforço.

Embora muitos tenham elogiado, na maioria dos dias não quero nem me olhar no espelho. E tem dias em que me apaixono pelo reflexo, e minha auto-estima acaba por alimentar-se de meu ego. Nessas situações eu me sinto com o poder de sair e fazer com que qualquer um caia de amores por mim, mas não o faço. Uma vez que, brincar com sentimentos alheios, cansa.

Ironicamente imagino como seria eu fútil se tivesse olhos azuis... por fim, aprendi que a beleza é algo relativo.

3 comentários:

  1. , sim, muito relativo. Abstrato, superficial e subejetivo. Enfim...é!



    P.S.:Obrigada pelo comentário, volte sempre ;)

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  2. Fútil? Ai vc entraria em um conceito moral e se beleza é relativa futilidade também é. Até pq futilidade ou não, damos sempre um juízo de valor sobre as coisas. Mesmo não sendo exatamente nós os criadores desse juízo. E a beleza não é relativa, como atestou apropriadamente o jovem Gray, de Oscar Wilde. Beleza quer dizer tudo sim, mesmo que nao seja a 'beleza dominante'.

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